Felipe na neve

Felipe Farias aluno

Felipe Farias
Da Equipe INCLUDE[SI]

“Tudo começou quando minha namorada veio me falar que tinha muita vontade de participar do programa Ciência sem Fronteiras (CSF). Na época, eu não tinha muito interesse em participar, talvez porque não acreditasse que eu teria alguma chance de ser aprovado. Chegando o período de inscrição, ela se inscreveu no edital para Portugal logo nos primeiros dias, e insistiu para que eu me inscrevesse, mesmo sabendo que eu não tinha tanta fé que seria aprovado. Depois de uma conversa, ela decidiu que ia fazer minha inscrição, e como eu achei que não ia dar em nada, não fui contra.

Neve caindo

Neve caindo

Poucos meses depois, recebo um comunicado falando que o edital de Portugal havia sido cancelado e que, por isso, teríamos a opção de escolher outro país. Decidi pelo Canadá, pois é um país com uma qualidade de vida muito boa, além de ser desenvolvido e com muitas oportunidades na minha área de atuação. Fui informado que eu deveria escolher três opções de universidades, de uma extensa lista das instituições participantes do programa. Minhas escolhas foram, em ordem de prioridade: University of TorontoUniversity of Ontario Institute of TechnologyLakehead University. Todas ficavam na província de  Ontario. Uma delas ficava em Toronto, capital da província, onde eu realmente desejava morar, e as outras em cidades vizinhas. Mas apesar de ter recebido esses avisos e ter mudado para o Canadá, ainda não tinha caído a ficha que eu ia estudar em outro país. A ficha só caiu mesmo quando a CAPES depositou o dinheiro dos três primeiros meses da bolsa na minha conta e eu recebi uma carta de aceitação da University of Toronto. A partir daí, vi que a coisa era séria e que muito em breve eu estaria indo embora do Brasil.

Depois de alguns meses, chega o dia de partir para o Canadá. O dia era 2 de setembro de 2013 e meu passaporte com o visto ainda não tinha chegado do consulado. Detalhe: eu embarcaria no dia 3 de setembro às 3:30 da manha. Certo de que teria que remarcar meu vôo, nem tinha feito a mala ainda. Mas por volta das 16:30 o correio chega na minha casa para entregar o passaporte. Eu não conseguia acreditar, era muita sorte! Depois disso, fui  às pressas arrumar minhas malas e resolver tudo que faltava para a viagem. O avião partiu na hora prevista. Depois de uma viagem muito cansativa e demorada, chego no Aeroporto Internacional de Toronto às 00:20 minutos do dia 04. Sim, a viagem durou quase 24 horas. E depois de pegar minha mala e passar pela imigração, já eram mais de 2h da manhã. Peguei um ônibus e fui para o HI Toronto, o albergue onde eu havia feito reserva e iria me hospedar enquanto não encontrasse um lugar permanente para morar.

Em Toronto

Toronto à noite

Toronto à noite

“Era muito comum pegar o metrô e durante o percurso ver pessoas falando em inglês, francês, italiano, mandarim e japonês, entre outros idiomas”.
Andando na cidade durante os primeiros dias, fiquei deslumbrado. Toronto é uma cidade muito bonita, organizada e limpa. A arquitetura mistura prédios bem antigos com arranha-céus modernos feitos de vidro. O transporte publico é de excelente qualidade e muito pontual, ao ponto de dispensar completamente a necessidade de possuir carros (menos no inverno). Outra coisa que me chamou muito a atenção foi a diversidade cultural e étnica da cidade. Tem gente de todo lugar do mundo lá. Era muito comum pegar o metrô e durante o percurso ver pessoas falando em inglês, francês, italiano, mandarim e japonês, entre outros idiomas.

Na minha primeira visita à University of Toronto (UofT para os íntimos) fiquei encantado com a grandeza e a organização do lugar. A infraestrutura que a UofT oferece é a melhor que eu já vi. A universidade possui três campus, sendo um bem no centro da cidade, enquanto os outros dois ficam nas cidades vizinhas, mas que pertencem a região metropolitana de Toronto. Me colocaram no campus de Mississauga, que e uma cidade que fica a 30 quilômetros de Toronto. Muitos dos outros brasileiros que ficam nesse campus decidiram morar em Mississauga por causa da proximidade. Mas eu decidi ficar em Toronto mesmo porque gostei muito da cidade. Também não me adaptei bem a Mississauga por achar a cidade um pouco parada, além de tudo ser longe e de difícil acesso a pé. Não me arrependi dessa escolha, apesar de ter que percorrer 1h30m de metrô e ônibus para ir de casa para o campus.

University of Toronto: Prédio Principal

University of Toronto: Prédio Principal

A UofT ofereceu um curso de inglês acadêmico, que durou de setembro até o começo de dezembro. O horário do curso era de segunda a sexta, das 17h às 21h. O curso foi muito bom e me ajudou muito. Eu já tinha bastante facilidade com o inglês falado e escrito, mas nunca tive muita prática com leitura e conversação.

Quatro estações

Parada de ônibus da UofT no inverno

Parada de ônibus da UofT no inverno

Na época que cheguei no Canadá era verão e o clima estava muito quente, bem parecido com o clima do Brasil. Durante o curso de inglês, o verão acabou e iniciou-se o outono. Essa seria a minha primeira experiência em um lugar com uma variação significativa no tempo e que é conhecido por ter um inverno muito rigoroso. Logo no início do outono já era possível ver e sentir a mudança. As folhas das árvores começaram a mudar de cor, do verde para o amarelo, depois vermelho, e em seguida começaram a cair. Assim como a temperatura. Moletons e jaquetas eram quase que necessidade sempre que eu precisava sair de casa. Novembro foi chegando ao fim, e com ele o fim do outono e começo do inverno. Agora sim, eu realmente ia saber o que significava inverno de verdade. Agora as jaquetas e moletons já não faziam muito efeito contra o frio intenso e o uso de casacos era obrigatório. No início, o inverno é muito legal, principalmente para quem nunca teve uma experiência dessa antes. Lembro que quando nevou pra valer pela primeira vez, eu achei muito bacana. Mas depois que acabou, quando vi toda aquela neve misturada com lama nas calçadas e nas ruas. o encanto desapareceu. Mas hoje, nove meses após ter retornado, eu sinto falta da neve e também da mudança das estações.

Mão na massa

Depois que acabei meu curso de inglês, fui passar minhas férias de fim de ano em New York, nos Estados Unidos. Passei dezenove dias lá e foi uma experiência inesquecível. Quando retornei para Toronto, as aulas já estavam começando. Enquanto que aqui no Brasil as férias duram de dezembro até o fim de janeiro, lá o recesso é bem curto. E no dia 6 de janeiro, as aulas se iniciaram.

As aulas agora seriam do curso de Computer Science, já que na UofT não tinha o curso de Sistemas de Informação. No começo, tive bastante dificuldade em me adaptar à metodologia de ensino de lá, que é bastante diferente da daqui. Alguns professores eram excelentes. Mas infelizmente outros não tinham uma boa didática e isso dificultou ainda mais minha adaptação. Estudei na UofT por dois períodos: Fall-Winter Term, entre janeiro e abril, e Summer Term, de maio até julho, cursando quatro disciplinas em cada período.

“Depois de muitas tentativas eu consegui uma vaga para estágio, durante um evento da Big Data University, onde os alunos do período anterior apresentaram seus projetos e eu pude conhecer o organizador do evento e meu futuro chefe, Raul F. Chong”.
No termo de compromisso fechado entre a CAPES e os alunos que foram para o CSF, estava estabelecido que após dois períodos de aula, os alunos teriam a oportunidade de estagiar por um período, podendo optar por trabalhar com pesquisa ou então diretamente na indústria. Mas diferente dos alunos que pertenciam ao CNPQ, os alunos da CAPES não tiveram nenhum auxílio das universidades para conseguir uma vaga de estágio. O resultado disso é que muitos alunos da CAPES não conseguiram estágio, alguns conseguiram estágio de pesquisa e uma minoria conseguiu uma vaga na indústria. Depois de muitas tentativas eu consegui uma vaga para estágio, durante um evento da Big Data University, onde os alunos do período anterior apresentaram seus projetos e eu pude conhecer o organizador do evento e meu futuro chefe, Raul F. Chong. A Big Data University é uma instituição que possui uma plataforma de ensino a distância com cursos voltados a tecnologias e ferramentas da IBM. Durante esse estágio pude visitar a sede da IBM, em Markham, Ontario, e trabalhar com algumas ferramentas e serviços da empresa. No fim do estágio, fiz uma apresentação com um colega sobre Text Analytics com as ferramentas do serviço Bluemix da IBM.

Primeiro dia de nevasca

Primeiro dia de nevasca

O retorno

Depois que o estágio acabou, apesar de eu estar de férias e poder aproveitar bastante, uma parte de mim estava triste pois o dia em que eu retornaria para o Brasil estava chegando e eu gostaria de poder ficar no Canadá. Essa experiência de 16 meses morando lá foi inesquecível e mudou a ideia que eu tinha de mundo, que antes era apenas pelo que outras pessoas falavam e pelo que eu lia. Agora eu sei como é na prática. Gostaria que todo mundo pudesse ter a experiência que eu tive e acredito que uma experiência dessas contribui muito para mudar a visão de mundo que as pessoas têm”.

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